Leite Compensado: veja imagens de depósito clandestino mantido por empresa suspeita de adulterar produtos no RS
Locais armazenavam toneladas de produtos lácteos em condições impróprias para consumo. Soda cáustica e água oxigenada eram adicionadas para reprocessar it...
Locais armazenavam toneladas de produtos lácteos em condições impróprias para consumo. Soda cáustica e água oxigenada eram adicionadas para reprocessar itens vencidos. Fábrica investigada por adulterar leite mantinha depósito clandestino O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) descobriu dois depósitos clandestinos mantidos pela Dielat, empresa suspeita de adulterar produtos lácteos estragados para disfarçar a má qualidade. Cinco pessoas foram presas em operação realizada na quarta-feira (12). 📲 Acesse o canal do g1 RS no WhatsApp A reportagem da RBS TV esteve em um dos locais utilizados para armazenamento irregular, em Taquara, a poucas quadras da empresa. Na fachada, há uma placa de "aluga-se". Mais próximo ao pavilhão, uma outra placa identifica uma mecânica de carros. No interior do ambiente, os promotores encontraram toneladas de produtos em condições impróprias, como validade vencida, bolor, sujeira e barata. (Veja vídeo acima) A investigação afirma que os envolvidos adicionavam soda cáustica e água oxigenada em produtos como leite UHT, leite em pó e compostos lácteos. Essas substâncias são perigosas à saúde e usadas para reprocessar produtos vencidos e recuperar itens deteriorados. A sede da Dielat está fechada. Um aviso informa que as atividades no local estão interrompidas até que a investigação seja concluída. Em nota, a empresa manifestou "surpresa diante da divulgação de infundadas suspeitas sobre a regularidade de sua atuação industrial e dos produtos por ela comercializados". (confira, mais abaixo, a íntegra da nota) Leia mais: 'Vitamina' e 'receita': suspeitos de adulterar leite usavam códigos para despistar investigação, diz MP Produtos lácteos em más condições encontrados em depósito clandestino Vítor Rosa/RBS TV Na quarta (11), o Centro Estadual de Vigilância em Saúde expediu um ofício para que mercados suspendam a venda do leite produzido pela Dielat até que se tenha o resultado da análise do laboratório. Segundo o MP, quatro funcionárias da Dielat, que concordaram em falar, prestarão depoimento nos próximos dias. A denúncia à Justiça deve ser oferecida em até uma semana. Veja interior de depósito clandestino mantido por suspeita de adulterar leite Como era a fraude "Além de ajustar o pH e mascarar a acidez do leite, essas substâncias são usadas para reprocessar produtos vencidos e recuperar itens deteriorados, o que representa graves riscos à saúde, incluindo potencial carcinogênico", afirma o MP. Entre as marcas alvos da operação no Brasil estão: Mega Lac, Mega Milk, Tentação e Cootall, comercializadas no varejo e acessíveis ao consumidor em mercados. Na Venezuela, os produtos levam o nome de Tigo e Tigolac. O Mega Milk, leite UHT e em pó, tinha valor mais acessível comparado a outras marcas concorrentes. Para licitações, foi criada outra empresa, de nome Agrovita, que distribuía o mesmo leite da marca Mega Milk, pertencente a Dielat. Lotes de produtos lácteos vencidos foram encontrados em depósito clandestino Vítor Rosa/RBS TV 'Alquimista' Entre os presos, está o químico industrial Sérgio Alberto Seewald, conhecido como "alquimista" ou "mago do leite". O investigado é considerado figura central em fraudes identificadas em fases anteriores da operação. A Dielat teria contratado o químico para assessorar a produção. Seewald já havia sido alvo em 2014, na quinta fase da investigação, por práticas semelhantes em outra indústria de laticínios em Imigrante, no Vale do Taquari. Ele foi absolvido de uma condenação de 2005 por um caso similar, recebeu uma medida cautelar da Justiça de Teutônia e está há dois anos aguardando para utilizar tornozeleira eletrônica. A defesa do quimíco sustenta que "ele não possui relação formal ou informal com a empresa Dielat", alvo das investigações. Segundo o advogado Nicholas Horn, "trata-se de uma criação de fatos por parte do Ministério Público, que não enseja a verdade". O representante do suspeito acrescenta que "todas as medidas necessárias para a sua soltura estão sendo tomadas". Caderno com fórmulas apreendido pelo MP durante operação Leite Compensado no RS Vítor Rosa/RBS TV Nota da Dielat "A DIELAT Indústria e Comércio de Laticínios Ltda., vem a público manifestar surpresa diante da divulgação de infundadas suspeitas sobre a regularidade de sua atuação industrial e dos produtos por ela comercializados. A DIELAT reafirma seus compromissos com o oferecimento de produtos com qualidade e inovação, com responsabilidade socioambiental, reconhecida nacionalmente por oferecer produtos de qualidade. Em sua trajetória iniciada há mais de 8 anos, a empresa mantém permanente dedicação à ética, à moral, aos bons costumes, às leis, a todos os seus clientes e consumidores, traduzida no oferecimento de produtos livres de quaisquer dúvidas em relação à sua integridade. A empresa submete as suas instalações, insumos e produtos a constante e rigorosa fiscalização das autoridades sanitárias brasileiras e internacionais, já que exporta parte de sua produção para o exterior, e permanece à disposição de todos os órgãos públicos, de maneira ininterrupta, para demonstrar a excelência de seus produtos e o cuidado empregado na sua elaboração. A todos os clientes, fornecedores, colaboradores e funcionários, a DIELAT manifesta tranquilidade frente aos questionamentos, com a certeza de que o esclarecimento da lisura de sua atuação será inevitavelmente obtido ao cabo de todas as apurações que se fizerem necessárias. Neste momento, os responsáveis pela empresa decidem interromper temporariamente as suas atividades, que serão imediatamente retomadas, com a mesma qualidade e compromisso, assim que superada a presente situação momentânea e finalizadas as necessárias investigações, com a certeza de que será finalmente demonstrada a absoluta regularidade de seus procedimentos e a excelente dos produtos disponibilizados ao mercado consumidor." VÍDEOS: Tudo sobre o RS